Visitamos um parque nacional no Nepal, onde era possível fazer um passeio de elefante. O maior mamífero que até então tínhamos tido oportunidade de contato tão próximo eram as vaquinhas da Índia.
Logo quando chegamos à cidadezinha, a primeira visão de um elefante andando na estrada bem ao lado do nosso veículo foi incrível. Depois virou uma cena comum de se ver, mas não menos empolgante.
Logo quando chegamos à cidadezinha, a primeira visão de um elefante andando na estrada bem ao lado do nosso veículo foi incrível. Depois virou uma cena comum de se ver, mas não menos empolgante.
Confesso que a idéia desse passeio gerou em mim um desconforto interno diante da hipótese de estar coadunando ou incentivando a exploração do trabalho do bicho, ao poder “alugar” e me apropriar de seu lombo por algumas horas.
Acho que não devemos ser tendenciosos ao julgar situações, buscando nelas álibis que nos confortem ou confirmem nossas pré-concepções. Nem devemos ser rígidos em convicções que comprometam a percepção e análise de cada caso em separado.
No nosso caso, sem querer advogar em prol dos elefantes ou a favor do nosso passeio, o que pude presenciar em poucos dias de permanência naquela cidadezinha, foi uma relação aparentemente amistosa e harmônica entre os homens e os elefantes, a natureza e o "progresso". Talvez pelo fato deste último, o progresso, estar vinculado à utilização da natureza, seria então inteligente manter a preservação como atrativo do turismo.
Os elefantes são a principal fonte de renda da cidade, estão por toda a parte e, posso estar enganada, mas no pouco que pude observar, eles não me pareciam tristes. Além de usufruírem de certa liberdade (menor que nas selvas, óbvio), pareciam receber bons tratos pelos humanos. Todos os dias, ao entardecer, eram levados ao rio onde eram banhados e acariciados com esfregões por seus “donos”. Esse é um momento ímpar de se ver e participar, pois os turistas que estiverem por perto são convidados a participar do banho, com direito a nadar com os elefantes e receber jatos de água na cara, direto de sua tromba. Eles são muito brincalhões e uma de suas travessuras é sacudir o corpo de um lado para outro até conseguirem nos derrubar na água.
Essa experiência de tomar banho com os elefantes foi certamente inesquecível, para mim e para as crianças. E mais legal do que o passeio pela “floresta” em cima deles (e ainda foi de graça!). Primeiro que floresta mesmo, não havia. Uma vegetação bem pobre, menos verde do que o quintal aqui do sítio ( a vegetação chamada sal forest parece uma savana, só que mais verde). E olha que tivemos a “sorte” de um condutor audacioso que saia da rota comum dos demais elefantes, adentrando em vias com vegetação mais densa e “fechada”. Falamos com a Tatá que ele era o primo do Mógli, pois lembrava-o na “intimidade” que demonstrava no trato com a natureza. Em nenhum momento ele utilizou de violência com o elefante, ao contrário, manteve sempre uma postura de respeito e carinho para com ele, inclusive permitindo que permanecesse parado por alguns instantes para se alimentar. Ao contrário de outro condutor, um senhor de idade, que parecia ter só a experiência mesmo, oca de aprendizado, pois chegou a nos irritar a quantidade de açoites que direcionou ao bichinho. Deveria engolir o orgulho e aprender o ofício com seu colega mais jovem...
Mas, voltando ao passeio, fomos com as expectativas adquiridas das experiências de amigos que já tinham feito a travessia e todos com “sorte” de avistar rinocerontes aos montes (mamãe e filhote!), grupos de veados e bandos de pavões. Nós, no entanto, tivemos que nos contentar com um rinocerontezinho solitário descansando na lama, um pavãozinho distante e uma “passada” de veados tão rápida que quase só percebemos pelo rastro das folhas balançando. O engraçado é que já tínhamos presenciado veados e pavões circulando soltos pelas matas ao redor de Rishikesh. E mais engraçado foi quando o nosso guia gritou :”monkey”, apontando para um macaquinho lá longe, camuflado entre as folhas de uma árvore. Claro que não devemos nunca perder a habilidade de enxergar o valor e a beleza de cada visão, ainda que seja uma visão "cotidiana". Mas foi engraçada a perspectiva de ficar excitado com a visão de um macaquinho diante de tantos contatos com os primatas na Índia. Mas, no fim das contas, estávamos ali mais pela cavalgada nos elefantes. Esse era o motivo principal e todos os animais que víssemos eram apenas um adicional. Desfrutar a experiência de contato com os gigantes mamíferos, pele a pele, que por sinal é muito áspera; vivenciar a perspectiva de sua visão e poder enxergar o mundo da sua altura; conhecer um pouco do seu “ritmo”, balançando de um lado para o outro por duas horas.... E claro, a oportunidade de possibilitar essa vivência para as crianças. Poder contar para o pequeno Ravi que ele já mamou e dormiu no “colo” de um elefante. E ver os seus olhinhos brilhantes e seu sorriso apaixonado, registrando tudo aquilo....
No nosso caso, sem querer advogar em prol dos elefantes ou a favor do nosso passeio, o que pude presenciar em poucos dias de permanência naquela cidadezinha, foi uma relação aparentemente amistosa e harmônica entre os homens e os elefantes, a natureza e o "progresso". Talvez pelo fato deste último, o progresso, estar vinculado à utilização da natureza, seria então inteligente manter a preservação como atrativo do turismo.
Os elefantes são a principal fonte de renda da cidade, estão por toda a parte e, posso estar enganada, mas no pouco que pude observar, eles não me pareciam tristes. Além de usufruírem de certa liberdade (menor que nas selvas, óbvio), pareciam receber bons tratos pelos humanos. Todos os dias, ao entardecer, eram levados ao rio onde eram banhados e acariciados com esfregões por seus “donos”. Esse é um momento ímpar de se ver e participar, pois os turistas que estiverem por perto são convidados a participar do banho, com direito a nadar com os elefantes e receber jatos de água na cara, direto de sua tromba. Eles são muito brincalhões e uma de suas travessuras é sacudir o corpo de um lado para outro até conseguirem nos derrubar na água.
Essa experiência de tomar banho com os elefantes foi certamente inesquecível, para mim e para as crianças. E mais legal do que o passeio pela “floresta” em cima deles (e ainda foi de graça!). Primeiro que floresta mesmo, não havia. Uma vegetação bem pobre, menos verde do que o quintal aqui do sítio ( a vegetação chamada sal forest parece uma savana, só que mais verde). E olha que tivemos a “sorte” de um condutor audacioso que saia da rota comum dos demais elefantes, adentrando em vias com vegetação mais densa e “fechada”. Falamos com a Tatá que ele era o primo do Mógli, pois lembrava-o na “intimidade” que demonstrava no trato com a natureza. Em nenhum momento ele utilizou de violência com o elefante, ao contrário, manteve sempre uma postura de respeito e carinho para com ele, inclusive permitindo que permanecesse parado por alguns instantes para se alimentar. Ao contrário de outro condutor, um senhor de idade, que parecia ter só a experiência mesmo, oca de aprendizado, pois chegou a nos irritar a quantidade de açoites que direcionou ao bichinho. Deveria engolir o orgulho e aprender o ofício com seu colega mais jovem...
Mas, voltando ao passeio, fomos com as expectativas adquiridas das experiências de amigos que já tinham feito a travessia e todos com “sorte” de avistar rinocerontes aos montes (mamãe e filhote!), grupos de veados e bandos de pavões. Nós, no entanto, tivemos que nos contentar com um rinocerontezinho solitário descansando na lama, um pavãozinho distante e uma “passada” de veados tão rápida que quase só percebemos pelo rastro das folhas balançando. O engraçado é que já tínhamos presenciado veados e pavões circulando soltos pelas matas ao redor de Rishikesh. E mais engraçado foi quando o nosso guia gritou :”monkey”, apontando para um macaquinho lá longe, camuflado entre as folhas de uma árvore. Claro que não devemos nunca perder a habilidade de enxergar o valor e a beleza de cada visão, ainda que seja uma visão "cotidiana". Mas foi engraçada a perspectiva de ficar excitado com a visão de um macaquinho diante de tantos contatos com os primatas na Índia. Mas, no fim das contas, estávamos ali mais pela cavalgada nos elefantes. Esse era o motivo principal e todos os animais que víssemos eram apenas um adicional. Desfrutar a experiência de contato com os gigantes mamíferos, pele a pele, que por sinal é muito áspera; vivenciar a perspectiva de sua visão e poder enxergar o mundo da sua altura; conhecer um pouco do seu “ritmo”, balançando de um lado para o outro por duas horas.... E claro, a oportunidade de possibilitar essa vivência para as crianças. Poder contar para o pequeno Ravi que ele já mamou e dormiu no “colo” de um elefante. E ver os seus olhinhos brilhantes e seu sorriso apaixonado, registrando tudo aquilo....
...isso por si só já fez valer toda a história.
Cris