sábado, 18 de julho de 2009

A evolução dos bichos, o retrocesso do homem


Aqui estou vendo coisas muito estranhas: Outro dia uma vaca rosnou para mim, os cachorros saltam para lugares onde um homem nao consegue saltar, os macacos só faltam juntar as mãos e falar namastê quando passamos. E os homens, não vou nem falar. Eu acho que um ser, quando chega no cúmulo da iluminacãoo, comeca a voltar. As vacas estão virando cachorro, os cachorros virando macacos e os macacos, virando homens. Mas o homem aqui na Índia com a questão do lixo, nem vaca é mais. É um corvo ou um pombo...Aqui, em qualquer lugar independemde de como seja, tem rios e atpe mares de lixo espalhado para todos os lados, lixo de todas as formas e lixo que as vacas, os cachorros e até os macacos ingerem e morrem. É o país deles que tambem está morrendo. Até agora só vi um indiano que liga para isto, eles não fazem por maldade ou sacanagem, eles fazem por total costume, as pessoas mais cultas comem algo e jogam o plástico ou seja o que for no chão. Mas voltando ao assunto, só vi um indiano que liga para isto, o dono da casa aonde estamos ficando, ele faz catagem de lixo, põe cartaz pela cidade e muito mais. Mas não pensem que a india e só aquela confusão de vacas, motos, carrinho, carros, macacos e tudo mais, que se vê nas imagens exibidas na TV e no PC. Isto é só em Delhi(capital) e em outras cidades maiores. Aqui em Rishkesh e em outros lugares da Índia é mais tranquilo. E até engracado, pois aqui muitos gringos recolhem o lixo. A ironia da história: Os estrageiros limpando o país e os nativos sujando tudo de novo! hehe! Bom, mas o lixo não se compara com a quantidade de coisas boas que tem aqui, quer dizer se compara em quantidade, mas nao em importância...


Flora


P.S: Esta postagem foi retirada do blog da Flora, www.blogbordo.blogspot.com

terça-feira, 14 de julho de 2009

New indian way of life



Quando pensamos na Índia, imediatamente nossa mente remete à imagens de templos e da religiosidade do povo. Pensamos em saris e roupas multicoloridas, comidas exóticas, cheiro de incenso e animais como elefantes, najas e pavões. Quase sempre o lugar comum, ou pensamentos mais frequentes são as imagem dos ghats à margem do Ganges, das múltiplas manifestações religiosas e dos pujas.

Mas as pessoas, mesmo algumas que já moraram na Índia , muitas vezes não refletem à respeito de como está hoje em dia o desenvolvimento da espiritualidade indiana.





Sim, ainda existe uma tradição religiosa na Índia. Aglutinada nos Ashrams -me refiro aos verdadeiros e não às "pousadas" que mantém esta denominação para garantir seu quinhão do governo ou ganhar mais uns tostões dos turistas - demonstrada nos rituais, pujas, aratis e em outras tantas manifestações, que às vezes mais me parecem culturais do que essencialmente "espirituais". Se são meramente "mecânicas" ou imbuídas de um sentimento verdadeiro de religiosidade, não posso precipitar-me em dizer - fato é que já vi um brâmane interrompendo um puja que estava conduzindo para atender ao celular! Mas isto é apenas um fato, não suficiente para criar uma teoria.


Tive a oportunidade de adentrar e me misturar com o povo indiano, o que tento sempre fazer quando viajo para algum lugar. Perceber como vivem, participar do seu cotidiano, perguntar, tentar entender a forma como pensam as pessoas daquele lugar. Acho isso o mais interessante e importante para a minha experiência e crescimento.



E nessa viagem, o que pude constatar foi que a nova Índia está mais com os olhos voltados para o "American way of life" do que para a sua tradição espiritual. O diálogo entre os jovens, ou dentro das famílias, sempre manifestando uma grande preocupação com o "development", o desenvolvimento econômico da Índia. Exaltam seus estudos, o grau escolar das crianças, a qualidade do seu "inglês", as pomposas roupas ocidentais que vestem. As conversas geralmente orbitam em torno dessas questões.

Money, money, money, como a mola condutora dos hábitos e propulsora do crescimento. E é dentro dessa base de valores que as crianças indianas estão crescendo. A relação que algumas destas possuem com os estrangeiros pelo menos, assemelha-se à dos pais, que muitas vezes nos "limitam" à notas ambulantes de dólares. E quando o enfoque é primordialmente esse, fica muito difícil afinizar-se e estabelecer amizades e relacionamentos sob bases mais verdadeiras e profundas. Quando menos esperávamos, lá vinha uma abordagem sobre o dinheiro.

Como em todos os lugares do mundo, o lado negro também está presente na Índia. Não são só flores, aratis, yoga e gente espiritualizada que se encontra por lá, como se iludem muitos ainda. Ao contrário, permito-me dizer que a "Índia espiritual" está morrendo. Desonestidade, mentiras, descompromisso com a palavra, foram atitudes que me chocaram ao encontrar em proporções tão elevadas. Aspirações monetárias disfarçadas em sorrisos, "namastês" e "hari oms" aos montes.

Pelo pouco que pude observar nos hábitos do povo indiano contemporâneo, as conclusões que tiro são que as perspectivas de futuro na Índia são as piores possíveis, em se tratando de valores espirituais. E é com essa mancha no coração que voltei para o Brasil, ao ver uma cultura tão rica e valiosa que, por ironia do "destino", agora está cada vez mais crescendo e ganhando espaço no Ocidente mas que lá, está escorrendo pelo esgoto que esse mesmo Ocidente deixa por lá. (Era de Kali, o que fazer não é ?)

Se ainda amo a Índia? Ainda amo muito a Índia e volto lá sempre que for possível. Amo sua cultura antiga, suas filosofias milenares, os aratis, os cantos, sua arte, e até seu povo, mesmo com todas as indiossicrasias e "desvios". Seu sorriso no rosto mesmo quando disputando - ou melhor seria dizer em se tratando dos indianos - compartilhando o escasso espaço dentro do ônibus ou carregando toneladas de peso nas costas sob o sol quente. Amo o bom humor indiano (aqui descosiderando os funcionários ferroviários), às vezes até excessivo e descabido. Amo sua pacificidade (às vezes camuflada), sua gentileza real, o carinho e receptividade com nossas crianças.


Amo a Índia como uma mãe ama um filho (ou pelo menos deveria amar): INCONDICIONALMENTE. E deixo a Índia como uma mãe que deixa um filho em más companhias. Com o coração chorando e as mãos limitadas.

Ou amo como mais uma filha dessa grande Mãe Índia.

E volto para meu "outro" país com a saudade apertando no coração. Mas com os olhos abertos à sua decadência e regresso espiritual. O avanço econômico é importante e necessário, óbviamente e principalmente considerando a situação de miséria na Índia. Mas não esquecer nunca de cuidar dos assuntos "do céu". Se não, é como cuidar do corpo e negligenciar a alma.

Cris