terça-feira, 18 de agosto de 2009

O macaco galanteador

Um dia estávamos na trilha voltando para nossa casinha em Rishikesh quando resolvi sentar numa "mureta" de pedra para observar um macaco grande que vinha andando de longe sobre ela, num passo tranquilo e solitário. Foi quando após alguns minutos, sentada observando, reparei que o macaco estava vindo em minha direção. Pensei em sair antes que se aproximasse pois, afinal, tratava-se de um macaco de cara vermelha, que tinha fama de ser agressivo e nada amigável. Mas, ao invés de ceder ao primeiro impulso, acabei permanecendo, mesmo porque o macaco já estava perto demais para fazer qualquer coisa.
















E não é que o dito cujo sentou bem do meu lado, agarradinho no meu corpo, e lá ficou??? Não pude acreditar no que presenciava, sentia uma mescla de medo com satisfação, na expectativa de qualquer desfecho, trágico, cômico ou até mesmo romântico, nas perspectivas do macaco. E não poderia ter sido mais engraçado. O macaco "safado" (como disse o Rô), em uma atitude completamente inesperada, surpreendeu a todos, principalmente a mim, quando colocou seu braço sobre a minha perna e sua mão sobre a minha. Queria muito morrer de rir naquela hora, mas permaneci estática, paralisada, sem saber qual poderia ser o próximo passo dele. Não podia sair, porque ele poderia se sentir rejeitado, sei lá, e ficar zangado e querer me atacar. Também não podia corresponder ou ficar muito receptiva ao toque pois ele poderia querer me beijar, imagina isso?





Fiquei somente quieta, experienciando aquele momento. O que poderia estar passando pela cabeça daquele macaco naquela hora? Cheguei a especular isso enquanto estava sob "seu comando". Estava sendo aquilo uma espécie de encontro ou algo parecido? Eu era a macaca escolhida, ou somente sentou porque estava cansado e encontrou companhia de alguém que estava em seu caminho? Nunca vou saber.


Depois de algum tempo, não sei quanto, pois foi daqueles momentos em que perdemos a noção, ele simplesmente se levantou e saiu andando com seu passo tranquilo. E eu, sã e salva, pude rir demais daquela situação. Acariciada por um macaco indiano! E acho até que posso me sentir lisonjeada, pois não se tratava de um macaco qualquer, daqueles magrelos e arruaceiros que estávamos acostumados a encontrar. Era um macacão forte, robusto, com um ar sereno e uma postura de macaco vivido, experiente, caminhando sozinho, desprendido da vida do bando. Certamente um bom partido para as macaquinhas de Rishikesh.



Um comentário:

TEREZA FREIRE disse...

Ai, que saudade dos macacos de Rishikesh...
Cris, que delicia... adoro ler você...
beijos enormes
T